quarta-feira, julho 20, 2011

Acordo Ortográfico ou o perfeito exemplo de publicidade enganosa




Muito se tem falado nos últimos anos, mas com maior intensidade nesse último, sobre o acordo ortográfico, como é um assunto que interessa ou devia interessa a toda a gente, venho também dar a minha opinião.

O acordo ortográfico e todo o seu processo de divulgação faz-me lembrar a publicidade que metem na caixa do correio a dizer que ganhei um prémio, ou as publicidade dos bancos e créditos das promoções com grandes letras gordas a dizer "Abra uma conta e não pague juros"; "não pague comissões", "Ganhe facilmente 50.000 euros", mas claro como em todos essas palavras gordas, para captar a atenção das pessoas, existe sempre o asterisco e as letrinhas pequeninas, microscópicas com as condições a dizer que não é bem assim o que está escrito nas letras gordas. É basicamente a mesma situação com o acordo ortográfico.

Este AO é uma ilusão vendida por meia dúzia de senhores (Malaca Casteleiro e Evanildo Bechara e o falecido António Houaiss que devia ter levado este acordo para debaixo da terra também) onde apresentam como argumento, as tais letras gordas, a "Unificação da língua portuguesa" "simplificação da ortografia" "evolução da língua"

No entanto, todas essas palavras sensacionalistas contém o tal asterisco que demonstra que não é bem assim e é disso que vou falar, dos desmistificar os mitos deste AO, o texto é longo mas acho que é importante mostrar todos os baralhos das cartas:

A questão da percentagem:
Os acordistas afirmam: "ah, mas é só 1.6% que vai ser alterado, não se nota!" errado, o problema é que esses 1.6% incidem em palavras com uma taxa de utilização muito superior aos 1.6%, não estamos a falar de 1.6% de palavras que raramente se dizem ou se escrevem, como aqueles termos mais técnicos e complexos.

Questões técnicas: Este acordo cria um completo atropelo nas regras gramaticais e na acentuação das palavras na ortografia PT-PT. Eu não quero prolongar muito com os aspectos técnicos, mas posso apresentar este documento elaborado por um dos melhores professores sobre a língua portuguesa em Portugal que é o professor António Emiliano (não é maçador nem demasiado técnico, não é preciso ser licenciado em línguas ou ter tido grandes notas a PT na escola para entender o que está escrito)

http://issuu.com/roquedias/docs/emiliano-cesc

Como dá para reparar, a ideia de simplificação da ortografia como gostam os defensores desse acordo catalogá-lo simplesmente não existe neste acordo.

Colonização por parte do Brasil a Portugal? Não, repugno os comentários que dizem que vão passar a escrever à brasileiro, não irá acontecer isso, irei explicar mais abaixo. No entanto, não posso deixar de dizer que este AO (que é de 1990) ganhou importância nesses últimos anos muito devido ao crescimento económico do Brasil e bastou haver vontade politica baseando-se em critérios irrealistas como a unificação da língua e simplificação que não existem e juntando a sua sede de protagonismo e de realização pessoal como são os políticos de hoje em dia, este AO adquiriu um poderoso aliado.

A velha questão das consoantes mudas: As consoantes mudas é algo que é "more than meets the eye". Porque é que os brasileiros não escrevem as consoantes ditas mudas? porque basicamente não precisam devido à sua forma de falar em que acentuam sempre as vogais, tal como fazem os italianos e espanhóis, e no qual usam o acento circunflexo ou o trema para indicar quando é para fechar a vogal. Cá, é extremamente o oposto, somos como os russos,aliás não é raro os estrangeiros confundirem o português de PT com o russo devido à sonoridade da fonética das duas línguas que são muito similares, falo por experiência própria. ;)

Porquê essa comparação com o russo? porque tal com o russo, fechamos naturalmente as vogais a não ser quando existe um acento e sejam silabas átonas por questão históricas como a vogal antes da letra L (herança árabe, Algarve, Alface Alcácer, etc.) ou, surpresa ou não, quando existem as "malvadas" consoantes mudas, que está até escrito no acordo de 1945 a sua função de não só pela sua etimologia como também pelo seu factor de acentuação da vogal anterior Podem verificar aqui (página 11 Base VI):

http://www.priberam.pt/docs/AcOrtog45_73.pdf

Neste mesmo acordo de 1945 acabou-se as consoantes mudas após o I e o U porque essas não alteram a acentuação dessas vogais, agora uma boa pergunta aos acordistas seria porque é que acham que só eliminaram essas vogais e não as outras? Duvido que tenha sido por preguiça para não fazerem ás outras vogais. É que isso não pode ser visto numa de "se não digo, não escrevo" nesse caso teria-se que tirar o H, o U no que, qui, gue, entre outros exemplos.

"Só altera a ortografia e não a fonética": bem isso é muito discutível porque uma coisa é o que dizemos, outra é o que lemos. eu posso afirmar que digo farmácia com ph, mesmo que a escreva com f, porque foneticamente o som é igual. Se ler uma palavra como "correto" irei ler como "corrêto" como se diz em palavras como Barreto, cloreto, careto, coreto, corretor (da Bolsa) e não "corréto", porquê? porque não há lá nada que me diga que tenho que abrir aquela vogal irei naturalmente fechar as palavras, o mesmo irá acontecer se retirarem as "malvadas" das consoantes mudas, retiram o c objecto e espectador irei ler como objêto, espetador, por isso, sim acho que irá alterar a fonética, talvez não agora mas nos próximos anos.

É que essa "regra" de que letra que não é pronunciada não se escreve vai criar uma confusão, por exemplo, se eu pronuncio o p de Egipto, então, logo escrevo, ou seja, vai abrir um precedente em que as pessoas irão escrever como dizem, basicamente será a lei da selva. o mesmo posso dizer das diferenças das duplas-grafias, além de referir que teoricamente os nomes próprios (como nome de países) não iriam ser alterados,nesse caso porque é que Egipto é alterado e Entre-os-Rios já não? No texto do acordo está escrito que já ninguém diz o p de Egipto, como é que provam isso? fizeram algum estudo, sondagem para provar o que escreveram? onde é que está o fundamento disso? olha, eu sou um dos que diz o p de Egipto e de outras palavras que cortaram a p ou c e muito mais gente também o diz, basta ir ver a foruns, blogs, debates pela internet e vê-se que a diferença entra as pessoas que dizem o p de Egipto e aquelas que não dizem é 50/50. Por isso, usando a linguagem da internet, dizer que já ninguém diz o de Egipto é como eu dizer que sou a Rainha de Inglaterra, ou seja, your argument is invalid.


No caso das duplas grafias, posso referir o exemplo da página facebook do provedor do Telespectador da RTP, que surgiu há uns meses atrás como Provedor do Telespetador, só que recebeu tantas criticas (pudera, quem é que ia gostar de ser tratado como espetador) então ele alterou para Telespectador, porque, é uma das inúmeras palavras em que existe a dupla grafia, tal como em recepção, excepto, expectativas, concepção,lectivo, espectadores, adoptar!! entre muitas outras que se pode continuar a escrever.

Há 500 anos os portugueses não falavam como agora, por isso é que tinha uma ortografia diferente da actual, e simplesmente não vejo nenhuma alteração da forma como falamos agora da como se falava em 1945 (a não ser expressões diferentes) que justifique alterar a ortografia. É nisso que considero o AO totalmente inútil


O AO tem como objectivo é a criação de uma ortografia unificada a ser usada por todos os países de língua oficial portuguesa.
: A grande falácia dos acordistas, totalmente falso, irá continuar a haver PT-PT e PT-BR, ou seja: continuará a existir dupla ortografia: um dos grandes argumentos é que fazia muita confusão às criancinhas e aos estrangeiros ler palavras como acção, acto, embora essas palavras serão "unificadas"(criando aqueles problemas acima identificados), a dupla grafia continuará a existir, aliás até triplicará porque foram criadas novas dupla grafias que nem sequer existiam antes, como (PT-PT/PT-BR): aspeto/aspecto, espetador/espectador, receção/recepção, letivo/lectivo, exceto/excepto entre muitos outros exemplos, nenhum brasileiro irá escrever palavras como letivo, exceto, aspeto,receção como nenhum português irá escrever facto sem c, por isso por isso, unificação da grafia aonde???.

Aliás o próprio texto do AO diz que é impossível haver a unificação, mas no entanto continua os seus agentes a usar essa palavra como uma grande verdade. Lá está, a tal palavra de tamanho grande com o asterisco.

Eu lia quando era miúdo livros, banda desenhadas e enciclopédias escritas em PT-Br, e percebia bem a escrita, apesar das diferenças que se notava como as expressões que se usam no Brasil, de não usarem alguns c e p, É este tipo de conhecimento (que adquiríamos nos primeiros anos de escola) que os acordistas não têm ou, se têm, pretendem ignorar

"Este acordo pretende pôr fim à existência de duas normas ortográficas divergentes, uma no Brasil e outra nos restantes países de língua portuguesa" Já desde o ano 2000 que são aceites as duas grafias quer em Portugal e PALOP e Brasil com o Tratado da Amizade, criando uma situação semelhante à que existe entre por exemplo Reino Unido e EUA, por isso torna completamente obsoleto a criação desse AO.

Mercado lusófono: irá continuar a ter que ser preciso fazer traduções ou adaptações de livros brasileiros para PT-PT e vice-versa devido ás diferenças de expressões, sintaxe das palavras de cada país. Por isso, o pessoal que faz trabalhos nas escolas, não esfreguem as mãos de contente, vão continuar a ser bem óbvios os copy-paste de passagens de livros brasileiros.

" O AO contribui assim para o aumento do prestígio internacional do português e para a sua expansão e afirmação, se não se aceitar o acordo, o português em PT desaparece": Esses argumentos, a par do argumento de se ter que aceitar o AO porque o Brasil tem 180 milhões de pessoas, são para mim os argumentos mais estúpidos e demagogos dos "acordistas", estou-me nas tintas se o português é falado ou escrito por 1 milhão ou por mil milhões, enquanto houver uma pessoa a falar e escrever português ela nunca desaparecerá. Não é um AO que irá catapultar o português no plano internacional, são sim, os seus agentes, escritos, actores, artistas, cientistas, médicos, políticos etc. é como disse, são os tais argumentos como as letras gordas dos anúncios das publicidades enganosas

E finalmente, mas não menos importante:

"O acordo é lei": NÃO!!!! não é, nem nunca foi, o acordo é resultado de uma resolução da assembleia da republica, não é um decreto-lei, não tem valor jurídico ou sancionatório, ou seja, ninguém pode ser recriminado, preso, multado, ou até mesmo despedido, etc por se recusar escrever em acordês.


Isto não é facto consumado, nem é tarde demais para mudar as coisas, existe uma ILC para travar essa completa imposição digna de regimes autoritários http://ilcao.cedilha.net/?tag=ilc

Conclusão: é um acordo desnecessário, veio criar um problema que não existia, foi rejeitado por vários estudos de entidades linguistas quer do Brasil como em Portugal, infelizmente está e foi abafado pelos media (excepto na Internet e no Jornal Público) e também pelas pessoas que andam mais preocupadas com a crise do que propriamente da forma como se escreve, foi a táctica perfeita para os acordistas aprovarem sem criar muito barulho. Mas nada é eterno, por isso é que está a ser feita a ILC para suspender o acordo e estabelecer uma revisão desse. Aliás as diferenças entre um e o outro são tão grandes, que é apenas natural que um dia o Brasil institua a sua própria língua(o tupi ou outro nome que queiram dar). Não é por isso ou por esse AO que os portugueses e brasileiros irão perceber-se melhor ou pior do que agora ou há uns anos atrás.

Uff, o texto já vai longo. Ainda havia muita coisa para referir mas acho que grande parte foi explicado. Este blog tal como a minha escrita no dia-a-dia não irá submeter-se a acordo impostos, mal-feitos, criticados (excepto por aqueles que o financiaram, estou a falar de vocês, Porto Editora e Grupo Leya) por todos e sem mais valia nenhuma, até haver um acordo que respeite as características etimológicas da língua de cada país que não atropele regras gramaticais como as das acentuações das palavras. Uma coisa é certa, nunca irei "adutar" este acordo de merda!

A Tormenta das Espadas - Critica



Nº de páginas: 538

Livro 5 na versão portuguesa das Crónicas do Gelo e do Fogo (1ª metade do 3º livro com o mesmo nome na versão original)

Spoilers:


Uff, finalmente acabei de ler este 5º livro, até agora o maior com mais de 500 páginas. O que posso dizer é que gostei mais deste do que os dois anteriores, mais uma vez, a cada livro que passa aumenta-se o nº de POV (point of view) de mais personagens com a introdução do Jaime Lannister e do Samwel Tarly. Nota-se uma maior progressão na história que nos livros anteriores, no entanto continua mais morosa que a dos primeiros 2 livros.

O que gostei do livro:

Jaime) gostei muito dos capítulos dele, a sua relação com a Brienne e os problemas que encontram pelo caminho para King's Landing.

Jon) Mais uma vez, os capítulos do Jon Snow continuam a ser um dos meus preferidos da saga, neste volume existe um maior aprofundamento da sua relação com a selvagem Ygritte.

Tyrion) Apesar de estar menos presente, continuam a ser um gozo ler os capítulos do "imp" e os seus confrontos verbais com o seu pai e outros membros de King's Landing. Revelações um bocado inesperadas acontecem nesse volume.

Sam) Gostei, embora menos que os de cima, mas gostei dos seus capitulos, sobre o que se passava com a Night's Watch para além da Muralha.

Davos)Cada vez gosto mais desta personagem. apesar de metade do livro ele estar numa masmorra, continuam a ser muito bons a personagem

Outros) Gostei da introdução de personagens como a Víbora Vermelha, finalmente conhecemos o último reino de Westeros, Dorne da Casa Martell. sabemos do paredeiro do Cão de Caça e gostei da Matriarca Tyrell e do Sor Beric.


Do que não gostei:

POV da Dany) continuam a ser o ponto mais fraco da saga, gosto da personagem e do Jorah Mormont, mas tal como no Clash of Kings, a história da Dany encravou um bocado na minha opinião, com o seu "recrutamento" do seu exército. Confesso como a ser um bocado sofrimento ler os seus capitulos, que felizmente não são muitos neste volume.

Robb) Tal como no Clash of Kings, estou a ficar desapontado com a campanha do Norte, ficou num impasse basicamente, com algumas traições de clãs antes leais aos Starks, apesar de existir algum desenvolvimento da parte de Robb. Começa a saber a pouco.

Arya) odeio dizê-lo mas desde Harrenhall que os capitulos de Arya têm-me desiludido com o seu rumo, não sei se falta de inspiração ou indefinição do George R.R.Martin sobre que rumo dar a esta personagem que continua a ser das minhas preferidas da saga.

Bran) Apareceu muito pouco e tal como a Arya, perdeu-se muito o interesse da sua história, apesar de ser interessante a sua ida para o Norte para lá da Muralha, mas os diálogos com os irmãos Reed são um bocado meh

Outros factores)pouco enfoque nos lobos, só existe 2 cenas relevantes entre eles, como tem sido hábito o crescente nº de personagens que vamos conhecendo vai sempre aumentando a cada livro, percebo que o autor queira dar um tom realista à história mas para o leitor torna-se completamente cansativo e confuso conseguir apanhar todos os nomes para não falar das várias casas que existem para além das 8 principais. Como no Clash of Kings, tem havido partes demasiado descritivas, havendo mesmo capítulos em que basicamente não se passa nada, estou a ver na sua adaptação para tv desses eventos haver muita cena cortada por ser muito slow-paced. É pena porque no Game of Thrones pouco ou nada existia desses momentos.

Conclusão: 8/10 confesso que fiquei um bocado desiludido desta primeira metade, como li que este Storm of Swords é para muitos considerados o melhor livro da saga, estava à espera de algo melhor, não deixa de ser melhor que o Clash of Kings, mas ainda um bocadinho abaixo do Game of Thrones, mas talvez agora na 2ª metade (6º livro) as coisas melhorem

terça-feira, junho 21, 2011

O Despertar da Magia - Critica



Nº de páginas 397

Como sempre haverá SPOILERS na critica.

Aquele que é até agora o volume mais pequeno da saga que li, foi o que demorou mais a lê-lo. No entanto, neste volume, como esperava, o desenvolvimento da história volta a entrar na velocidade cruzeiro que aconteceu na "Muralha do Gelo", por isso pode ser estranho tê.lo demorado tanto tempo a lê-lo, a verdade é que nas primeiras 150 páginas há capítulos que são muito parados e que demoraram a arrancar. No entanto o resto do livro é de uma leitura frenética como a da "Muralha do Gelo", dos pontos mais importantes são a Batalha de Blackwater, uma gigantesca batalha naval e depois terrestre com as forças de Stannis Baratheon a tentar desembarcar em King's Landing, protegida pelas forças do Rei Joffrey e Tyrion Lannister, como vão meter isso na tv, vai ser o grande teste. Outro evento é o ataque de Winterfell por parte de Theon Greyjoy e o que acontece depois.

A norte da Muralha Jon continua na sua quest à procura dos Homens Livres, encontra uma selvagem chamada Ygritte do qual é lhe ordenado para abater, mas ele desobedece e liberta-a, a sua decisão será preponderante num futuro próximo.

Fora de Westeros, Dany continua na procura de apoio para ganhar um exército e rumar para Westeros recuperar o Trono de Ferro, com os seus dragões um bocadinho mais crescidos e já com possibilidade de expelir fogo da boca.

Menor destaque neste livro tem Arya e Catelyn e até Davos, no entanto, têm capitulos interessantes, especialmente o de Catelyn em confronto com Jaime Lannister, seu cativo.

Pontos a favor: Grandiosa batalha de Blackwater, mais Jon Snow e Ghost, amadurecimento das personagens Sansa, Arya, Bran e Theon. Eventos em Winterfell, a Norte da Muralha e em King's Landing.

Pontos contra: Um final de livro menos electrizante que o Game of Thrones/ Muralha de Gelo apesar de ser menos parado que a primeira metade do Clash of Kings. Pouco enfoque na personagem de Robb Stark, esperava maior desenvolvimento após ter sido coroado como Rei do Norte, muito ausente neste livro.

Overall: 8 era para dar um 7.5, mas com os pontos a favor acima mencionados meto para um 8. No entanto, estes dois volumes que constituem o 2º livro: A Clash of Kings, digamos que ficou aquém do que esperava, gostava que tivessem focado ainda mais no Stannis e em Robb e houvesse um melhor desenvolvimento na história de Dany. Vamos ver agora o próximo livro, a Storm of Swords, dizem ser o melhor dos livros

quinta-feira, junho 02, 2011

A Fúria dos Reis - Critica



Apesar de ser o 3º livro, corresponde à primeira metade do 2º livro com o mesmo nome Clash of Kings.

Mais uma vez, serão usados spoilers para esta critica.


Bem, este foi provavelmente o livro mais parado dos 3 que já li, no entanto, não deixa de ser muito bom, especialmente no desenvolvimento de algumas personagens, do qual irei desenvolver mais abaixo. Como é caracteristico nestes livros da Crónica do Gelo e do Fogo, cada capitulo pertence a um ponto de vista de uma personagem, neste Fúria dos Reis foi adicionado dois novos POV (point of view) Davos, um antigo contrabandista mas que é agora o braço direito de Stannis Baratheon, irmão do falecido Rei Robert Baratheon e herdeiro ao Trono de Ferro, apesar de ser referenciado nos dois primeiros livros, só neste é que aparece o senhor de Pedra do Dragão que é influenciado por uma feiticeira chamada Melissandre com poderes proféticos de um deus desconhecido de Westeros, Stannis usa isso como propósito para declarar também Rei e pretender o Trono de Ferro.

O outro POV é de Theon Greyjoy, personagem que já tinha aparecido nos anteriores livros, ele é um rapaz que desde miudo foi cuidado pelos Starks, agora em tempo de guerra, ele é enviado para a sua terra natal, as misteriosas ilhas de Ferro da Casa Greyjoy procurar apoio do seu pai que há 10 anos atrás tinha rebeliado-se contra o Rei Robert, mas foi logo derrotado) para combater os Lannisters. Ao chegar a Pyke, capital das ilhas de Ferro, depara-se com uma situação de preparação para combate, o seu pai está outra vez com ideias de se rebeliar-se de novo, personagens muito interessantes, o seu pai Balon e a sua irmã Asha do qual Theon tem um encontro "engraçado".

No entanto esses dois POV são muito pouco desenvolvidos neste livro, tal como o de Sansa (que continua cativa em King's Landing), Jon Snow (que continua na sua busca pelo seu tio Benjen com o resto da Patrulha da Noite e Daenareys (que inicia uma jornada penosa com os seus dragões para leste Vaes Dothrak após a morte do seu amado Khal Drogo) aqueles POV que detém um maior destaque e um maior desenvolvimento são Tyrion, Arya, Catelyn e Bran.

Começando pelo último, Bran, este continua em Winterfell com o seu irmão mais novo Rickon, na sua terra acontece muita reunião com os vários senhores de casas que são vassalos da Casa Stark, uma das várias personagens que estão por lá são dois irmãos, um bocadinho mais velho que eles que lhe relatam situações estranhas, como os chamados sonhos verdes, sonhos proféticos do qual se diz que irão tornar-se realidade e que há a possibilidade do Bran transformar-se em lobo, foi muito estranho ler essa sequência

Catelyn: Continua com Robb em Correrio, mas o seu filho delega-a como diplomata para tentar estabelecer um acordo com o Rei Renly para uma unidade contra os Lannisters. Catelyn chega ao Reino de Tyrell que detém o apoio da Renly, para tentar estabelecer um acordo, só que algo inesperado acontece, o irmão mais velho de Renly, Stannis ataca a fortaleza de Storm's End, baluarte da casa Baratheon. Nesse segmento são também apresentados duas novas personagens, ambas femininas, uma a rainha Margareth, esposa do Rei Renly (apesar desse preferir o outro lado) e a guerreira Brienne, uma espécie de Joana D'Arc, um dos pontos altos do livro foi o diálogo entre irmãos, e depois o fatídico destino de Renly, morto por uma "sombra", muito possivelmente magia negra criada pela feiticeira sempre vestido de vermelho Melissandre.

Arya: Esta personagem foi possivelmente a que mais capítulos teve direito, começando como fugitiva com o recrutador da Patrulha da Noite Yoren, conhece-se vários personagens durante essa jornada que vão nessa caravana, engraçada está a ideia de Arya ter que se passar como um rapaz nessa altura, no entanto, chegando aos locais mais criticos da guerra entre os Lannisters e Starks, a caravana é atacada pelos Lannisters, e muitos poucos sobrevivem, só Arya e dois ou três personagens, estes continuam só que são apanhados pelos Lannisters de novo e levados para a mítica fortaleza de Harrenhall que muitos dizem que está assombrada mas que é agora Quartel-General de Tywin Lannister,ela é levada para trabalho escravo, no entanto ao saber das histórias de fantasmas neste fortaleza, ela irá usar isso a favor. Curioso o relato de ataques de possiveis alcateias de lobos, poderá ser a sua antiga loba Nymeria que ela teve que afugentar devido ao seu ataque ao príncipe Joffrey.

Falando sobre o príncipe Joffrey, o último POV, e para mim o meu preferido, o do anão Tyrion, quando até pensava que iria ser das menos interessantes, (muita politica) e o quão errado estava, qualquer conflito que ele criou com Varys, Mindinho, Grand Meistre Pycelle e até mesmo Cersei (que é ainda mais doida varrida do que se pensava)os diálogos são simplesmente 5 estrelas, mal posso esperar quando for transposto para TV, este segundo (terceiro na versão PT) livro é claramente de Tyrion.

Pontos a favor: as histórias de Arya, Tyrion, o conflito entre os Baratheon e os eventos ocorridos nas Ilhas do Ferro.

Pontos contra: Mais parado que os livros anteriores, ainda mais personagens novas (embora sejam muito interessantes) pouco desenvolvimento em várias personagens como Jon Snow e Daenaerys.

Overall: 7.5/10 um bocadinho abaixo da Guerra dos Tronos, demasiada caracterização e pouco desenvolvimento e acção do qual seria esperado tendo em conta o final da Muralha do Gelo. Esperava um bocadinho mais, mas se calhar irão voltar ao ritmo frenético da "Muralha do Gelo" no volume a seguir "O Despertar da Magia".

quinta-feira, maio 19, 2011

A Muralha de Gelo - Critica



Nº de páginas: 415

Aviso de Spoilers, senão leu o livro, mas quer lê-lo, leia esta critica após tê-lo lido, se não quer ler as 400 e tal páginas, faça o favor. =)

Terminada esta então o 2º livro (e 2ª metade do original Game of Thrones) das Crónicas do Gelo e do Fogo, a Muralha do Gelo.

O primeiro livro deixou a história num ambiento tenso e de cortar a faca entre as várias Casas, de facto é em King's Landing que acontece maior parte dos eventos retratados neste livro, a familia Stark encontra-se mais em perigo e a mais na cidade e quando se preparavam para regressar para Winterfell, eis que surge a noticia do acidente de caça de Robert que posteriormente morre, cria-se então um problema sobre quem deve ser o herdeiro ao trono, se Joffrey, suposto filho-varão de Robert-Cersei (embora será desmentido que são sim filhos da relação incestuosa entre Cersei e Jaime) ou se um dos irmãos de Robert deverão ser os regentes, no entanto, esses encontram-se "zangados" uns com os outros então Ned Stark voluntariza-se para ser o regente provisório do Trono de Ferro até encontrar o herdeiro certo. Quando pensava ter o apoio dos vários conselheiros, LittleFinger, Varys, eis que no momento da verdade, viram-se todos contra Ned, e este torna-se traidor e é preso, a sua filha Sansa é apanhada, mas não é presa, no entanto a mais nova, Arya, consegue fugir com a ajuda do seu mestre da "dança" Syrio Forel, este, embora não esteja explicito no livro, não sobrevive ao ataque de vários soldades dos Lannisters (embora exista várias teorias na net em que ele volta a aparecer com uma nova identidade nas obras posteriores a esta) então Joffrey torna-se o novo rei dos Sete Reinos, e o seu primeiro acto foi mandar executar Ned Stark, apesar dos apelos da Sansa que o amava mais do que nunca, mesmo após isso, Sansa continua presa e agora só no meio dos Lannisters. Arya consegue fugir no entanto, é encontrada por um "recrutador" e amigo do seu pai e tio, Yoren que a ajudará na fuga da cidade.

Entretanto, Tyrion, que estava preso em Ninho de Águia por Cat Stark e a sua irmã doida, Lysa Ann, após um julgamento por combate de sucesso para este, consegue livrar-se do seu cativeiro e retorna para o seu pai, entretanto devido ao seu cativeiro, guerra instala-se em Westeros, com os Lannisters comandados pelo seu pai Twyin e seu irmão Jaime Lannister entre as casas leais aos Tullys do qual pertence á familia de Cat, no entanto, esses acontecimentos afligem também o Reino do Norte, com o filho varão de Ned Stark, que após saber da morte do seu pai, parte em guerra contra os Lannisters, mais tarde reencontra-se com a sua mãe, onde tentam criar uma aliança das 2 casas/ reinos e entre os várias facções leais a essas, para criar um exército capaz de derrotar o sempre poderoso exército Lannister, Tyrion junta-se também ao seu exército, a guerra explode na batalha perto de Correrio, sede dos Tully's, quando se pensava que os Lannisters tinham ganho a batalha, eis que num apice o exército do Norte supreende-os e derrota-os, capturando vários Lannisters, incluindo Jaime Lannister, para muito considerados o melhor guerreiro de Westeros. Como se não bastasse, o Reino dos Renly, comandado pelo irmão mais novo do falecido rei tornam-se um reino independente, fora da alçada dos Lannisters e tentarão tomar controlo do sempre apetecivel, embora desconfortável, Trono de Ferro. A Casa Stark, não se quis deixar ficar atrás, e auto-proclama-se como Reino independente também, sendo Robb ainda adolescente o Rei do Norte, os dados estão lançados.

Ironicamente, apesar do livro se chamar A Muralha do Gelo, muito pouco acontece na... Muralha de Gelo e na história do Jon Snow, excepto 3 ocasiões, o juramento de Jon, Sam, Pyp e os outros para a Patrulha da Noite, o ataque dos Outros em Castelo Negro e os planos de uma grande excursão para o além da Muralha para resgatar o tio de Jon, Benjen Stark, desaparecido à meses na floresta escura.

E por fim, mas não menos importante, a história de Daenerys Targaeryen, confesso que apesar de ser a personagem ou a história preferida de muita gente, eu ainda não simpatizei muito com ambas, parecem muito aparte, se calhar por estarem numa terra diferente, no entanto, teve cenas muito boas, como a "coroação" de Viserys, o ataque a Khal Drogo, a tentativa de envenenamento a Daenerys, a tentativa de cura de uma maga a Khal Drogo a partir de magia de sangue (finalmente magia) que o torna num vegetal, a sua horda debanda-se, Dany poê um término a Khal Drogo e a partir da magia negra, ela consegue chocar os ovos de dragão, que presumia-se que estavam fossilizados e mortos há muito tempo mas esses abrem-se e saem dragões, terminando assim o livro nesse clifhangerr, shit's about to get real!!

Pontos a favor: Acho que esta 2ª parte, está muito mais "mexida" que o primeiro livro, muita cenas de guerra, magia, mortes de importantes personagens, traições, o primeiro livro assentou-se na introdução das personagens, neste segundo livro é quando a história arranca a sério.

Pontos contra: bem, a morte para mim da personagem que gostava mais: Ned Stark, foi uma machadada (coitado do Sean Bean)no entanto demonstra que o autor não tem medo de desfazer-se das personagens a seu belo prazer. Mais uma vez, demasiadas personagens, especialmente na parte da guerra, com tanto ser, das múltiplas facções, uff, é difícil decorar tudo.

overall: 8.5/10
uma melhor 2ª parte, que acaba a antever um confronte de titâs no próximo livro

sábado, maio 14, 2011

A Guerra dos Tronos - Critica



Nº de páginas: 400
Editora: Saída de Emergência

Comecei este último mês a ler esta série literária de fantasia do George R. R. Martin chamadas "As Crónicas do Gelo e do Fogo", lembro de quando andava pelas bancas dos livros na FNAC, Bertrand, Feira do Livro, o nome do escritor destacava sempre, no entanto, nunca tinha tido interesse em comprar os livros, até muito recentemente, com o aparecimento da sua adaptação para a TV, pela HBO, adquiri o livro uma semana antes de começar a série.

Embora originalmente são existam 4 livros (o 5º irá para as bancas em Julho) em Portugal e em vários países dividiram cada livro em 2 partes devido ao nº de páginas de cada livro (uma média de 1000 páginas por livro).

Aquilo que destaco neste livro, até mesmo nesta série, é que de fantasia tem muito pouco, a não ser o facto da história ocorrer num mundo imaginário, de nome Westeros, as estações do ano são mais irregulares, com uma grande alternância entre os anos só com Verões ou com Invernos, e no caso da história, aproxima-se um Inverno super longo e rigoroso, tem os Outros criaturas estranhas que vivem no extremo Norte, para além da Muralha, uma gigantesca muralha de gelo que bloqueia, e referências a dragões (elemento quase indispensável em obras de fantasia) há quase uma clara vontade do autor afastar-se dos clichés que o género fantasia medieval contém (elfos, anões que trabalham nas minas, bruxas, feiticeiros, trolls, etc.) e é para mim uma lufada de ar fresco. É, podemos dizer, um romance histórico medieval, mas passado num Terra diferente =)

Outro ponto a favor é que este não um livro de fantasia direccionado para o público infantil/juvenil, mas sim para o adulto, tem cenas de sexo, incesto, traições, esquemas e intrigas politicas como no mundo real, não existe personagens estereotipadas nem uni-dimensionais, as personagens são em si, das melhores que já li. Desde o honroso e nobre, Eddard Stark (protagonizado na série TV pelo grande Sean Bean) ao seu filho bastardo Jon Snow, o anão persuasivo Tyrion Lannister, ao seu irmão e irmã Jaime e Cersei Lannister, 2 personagens traiçoeiras com sede de poder, à Daenarys rapariga do clã Taeganerys que quer recuperar o trono dos Sete Reinos que o seu pai perdeu nas mãos do agora rei Robert Baratheon, com Edd Stark, e os lobos que cada filho de Edd Stark tem como fieis companheiros.

Este primeiro livro, é basicamente o apresentar das bases de cada personagem e facção/ familia, cada capitulo é representado pelo ponto de vista de 8 personagens, respectivamente. Pode parecer confuso o facto de haver imensas personagens, eu confesso que ainda não decorei-as todas. Apesar de ser maior parte, descritiva a história do livro, muitos diálogos entre as personagens a falarem de acontecimentos passados, a forma como está escrita e o facto de ter muitos diálogos ajuda a cativar o leitor como muitas poucas obras literárias conseguem. E para uma série que tem até agora 4000 páginas é algo que ajuda muito.

Pontos a favor: As personagens, os lobos, ser um livro de fantasia para adultos, o ambiente, a escrita que vicia completamente o leitor.

Pontos contra: O facto de ter muitas personagens pode confundir o leitor

Overall: 8/10, um bom começo para o que se adivinha ser uma aventura épica!